domingo, 22 de março de 2009

Cirurgia do Diabetes e da obesidade - volta para casa


Estes posts relatam o dia a dia, as dificuldades e a rotina da cirurgia de transposição de íleo para cura do diabetes e da obesidade. Os relatos estão divididos em partes. Para ler desde o inicio você pode começar por este post:

PARTE 1 http://cirurgia2.blogspot.com/2009/03/o-inicio-de-tudo.html

Para saber um pouco mais sobre o Dr. Áureo:
Revista Veja: http://veja.abril.com.br/311007/p_092.shtml
Jornal Opção http://cirurgia2.blogspot.com/2009/03/um-pouco-mais-sobre-dr-aureo.html

Um vídeo interessante sobre a cirurgia

http://br.truveo.com/Diabetes-Brasileiros-desenvolvem-cirurgia-in%C3%A9dita/id/4001392579


PARTE 3

LAR DOCE LAR

No trajeto sentia cada bacada do carro, por menor que fosse. As avenidas me pareceram intermináveis durante os 30 minutos que gastamos para chegar em casa, mesmo sem trânsito nenhum, mas na velocidade média de 25 por hora.

A visão do jardinzinho na entrada e o cheiro da casa foram uma espécie de boas vindas. Agradeci a Deus em voz alta.

A primeira missão era fazer um suco de pêssego com maçã, suficiente para no máximo duas horas, pois segundo a nutricionista, duas horas é o limite de vida dos nutrientes mais importantes. Ela havia recomendado ainda que lavasse todas as frutas com água e detergente usando uma esponja nova. Recomendou especial atenção ao lavar o coco verde.

- Você está cortada por dentro e com imunidade baixa. Não pode correr riscos à toa – reafirmou.


Coado em peneira fina e contendo uma pitada de açúcar magro, o suco me pareceu bem agradável. Eu havia trazido do hospital uns 5 pequenos copos descartáveis de 50ml, geralmente usados nos escritórios para servir cafezinho. Peguei as xícaras que tinha em casa e fui testando uma a uma até descobrir qual delas continha dois copinhos de 50 ml que enchi com água. Uma delas foi perfeita e passaria a ser a medida oficial de 100 ml.

Tentei dormir um pouco. Sem sucesso, fui para a televisão. Tinha em mente a recomendação do Ar. Áureo: não quero a sra. passando o dia na frente da tv ou do computador. É preciso se movimentar.

Desobedeci e fui assistir um filme. Entretida com o filme perdi a hora de beber o suco. De novo me veio a lembrança outra frase do Dr. Áureo: - Cumprir os horários e a quantidade da alimentação é chave. Não brinque com isso.

Peguei um timer que uso na cozinha, cadastrei 30 minutos e desde então quando ele alarmava, já dava inicio ao próximo ciclo, e assim diante. Foi a forma que achei para não perder mais os horários.

Medir a diurese é uma rotina chatíssima. Você tem que utilizar uma vasilha para coleta e depois transportar para uns plásticos com escala em ml, ver quanto deu e anotar regularmente. E naturalmente deixar tudo limpo para a próxima etapa.

Cadastrei no alarme do celular os horários dos remédios que deveria tomar. As pílulas tinham que ser dissolvidas em água. Além disso, tinha que passar uma pomada três vezes por dia nos cinco pequenos furos que ficaram na barriga. Os pontos cairiam por si sós, e a massagem com a pomada ajudaria na cicatrização e na eliminação de cicatriz. Eram cortes muito pequenos.

De acordo com meu marido minha aparência havia mudado depois que cheguei em casa. Na verdade eu havia tomado um bom banho e secado o cabelo. Mas tinha também a questão psicológica de estar de volta em casa. Recebemos a visita de um casal à noitinha. Tudo parecia de volta a normalidade.

UMA NOVA ROTINA

Dormi bem. Acordei às 4:30 da manhã já sem sono nenhum. Decidi levantar e começar a escrever os posts deste blog. Tinha que aproveitar o tempo livre pois quando voltasse a trabalhar não teria mais chance.

Era uma segunda feira. Já estava liberada para dirigir e precisava ir ao hospital para fechar o acerto da conta, pois a alta havia ocorrido no domingo e a tesouraria do hospital estava fechada. Decidi passar a manhã em casa e sair à tarde. Fiquei toda a manhã no computador redigindo, alternando entre computador e exercícios. Além das caminhadas que fiz contando voltas dentro de casa, tinha o Respiron. O timer não me deixava perder os horários.

Lá pelas onze minha secretária começou a preparar o almoço. Pela primeira vez tive contato com os cheiros da cozinha e reconheci o alho sendo refogado. Uma mistura de desejo e censura começaram a brigar dentro de mim. Respirei fundo. Lembrei-me que bastava mais um dia e teria direito a caldo de carne com legumes. O pensamento me acalmou.

Tentei dormir no inicio da tarde. Não consegui. Meu padrão de sono estava muito diferente do normal. Dormia cinco ou seis horas durante a noite e era suficiente. Sempre gostei de dormir depois do almoço e não estava conseguindo.

Essa não era a única mudança que estava percebendo. Estava muito mais sensível aos cheiros. Também estava menos encalorada. Pela primeira vez em 34 anos de convivência meu marido estava sentindo mais calor que eu.

Á tarde fui ao hospital dirigindo meu carro. As avenidas já não pareciam tão esburacadas. Fui devagar, mas nem tanto. Foi divertido ouvir a pergunta da moça: quem é o paciente? Eu, respondi. E ela olhou para mim surpreendida e deixou escapar um “nossa!”.

Levei um sapato para consertar e aproveitei o tempo para ver uma loja de bijouterias, atividade que jamais me permitiria numa segunda feira de trabalho.

Cheguei em casa ás sete da noite. Sem a ajuda do timer havia perdido vários horários de tomar o suco e a água de côco que havia levado numa lancheirinha. Também havia preparado um kit diurese contendo copos descartáveis de 200 ml como medidor e um papel para anotações.

Lembrei de um relógio digital que tinha timer e que passaria a me acompanhar sempre que eu estivesse fora de casa.

A PRIMEIRA REVISÃO

Dormi bem a noite e acordei ás 5 da manhã. Era terça feira e no final do dia deveria ir à Clinica para a primeira revisão. Durante o dia, o resultado da diurese mostrou com clareza a consequência do esquecimento do dia anterior. Antes de sair para o consultório, ás 15 hs, tinha conseguido apenas 450 ml. Em geral a essa hora já teria mais de 900 ml. Se não atingisse no final do dia os 1.500 ml seria um problema.

A boa nova do dia era que tinha direito a caldo de carne com legumes. Esperava ansiosamente pelo caldo, primeira “refeição” de sal. Detestei. Um gosto de sangue, muito forte. Minha empregada fez outro desta vez de frango. Intragável. Forcei a barra para tomar pelo menos duas medidas de 100ml. Com o paladar e o olfato muito sensíveis, o cheiro e o sabor dos caldos foi desestimulante. Como não podia usar gordura, era difícil refogar bem a carne. Decidi dar tempo a mim mesma para me readaptar com um gosto tão forte.

Mesmo assim me sentei a mesa de almoço com meu marido, pela primeira vez depois da cirurgia. Até então eu fazia questão de ficar longe da mesa nos horários em que ele estava almoçando ou jantando. Com meu caldo horroroso, consegui passar por essa prova até que sem dificuldades.

Na clínica, a revisão indicou que tudo estava normal, boa recuperação, boa cicatrização, tudo em ordem.

- Está ótima, disse Dr. Áureo. Agora cuidado com a alimentação. Tem uma parte do seu intestino perto do estômago que nunca viu nem leite materno antes da digestão. Se você for muito séria com a dieta o sucesso está garantido.

Uma das minhas queixas era que eu não havia perdido nem um kilo. Também sentia a barriga estufada, cheia, não sei.

- Você recebeu muito soro no hospital e ainda está com muito líquido no corpo. A barriga ainda está inchada por dentro e ainda há gases a expelir. Essa semana isso tudo termina - explicou Dr. Áureo.
- A minha diurese hoje está um desastre, muito pouca. E acrescentei que havia perdido os horários ontem.
- Se você obedecer corretamente os horários de hoje pode ser que haja uma compensação até amanhã de manhã. Senão terá que ir a emergência tomar dois soros de hidratação rápida. Depois de amanhã quero te ver novamente aqui na Clínica - completou Dr. Áureo.

Só de pensar em ir a emergência tomar soro minha firmeza com horários redobrou.

A SEGUNDA REVISÃO

Na quinta feira a revisão também mostrou que tudo estava em ordem. Minhas medidas de pressão e diurese diárias estavam boas, estado geral ótimo, sem dor, sem fraqueza.

Deveria voltar somente quando completasse 15 dias da alta hospitalar, em jejum absoluto de 8 horas (inclusive de água) para uma endoscopia, e trazendo exames de sangue (recebi o pedido de exame).

Estava oficialmente liberada para voltar ao trabalho e a qualquer atividade exceto ginástica e carregar peso. As caminhadas continuavam sendo obrigatórias, bem como as meias, o Respiron, a medida diária de pressão e da diurese, além de continuar com os remédios.

O medo de voltar á emergência para tomar soro não me deixava perder horários, mesmo fora de casa, com minha lancheirinha e o timer acionado.

No sábado, havia uma profunda mudança na alimentação. Não havia mais lista de alimentos. Tudo estava liberado desde que batido no liquidificador. Já podia usar um pouquinho de óleo na preparação e na lista negra, apenas pimenta, bebida gasosa e condimentos industrializados como extrato, mostarda, ketchupe, shoyo, essas coisas. Assim poderia escolher qualquer alimento desde que fosse fresco e fazer um creme usando todos os temperos que quisesse exceto os da lista negra.

No café da manhã a novidade era uma vitamina de banana com mamão e coalhada ligth. Que delícia! Agora poderia variar entre sucos, chás, iogurte, vitaminas e cremes e não precisava mais coar. Só bater. As possibilidades aumentavam enormemente.

Programei para o almoço caldo de feijão e frango ao molho com creme de milho verde, bem temperado com alho, cebola e salsa. Sentada a mesa de almoço e já mais adaptada a sabores fortes, adorei o caldo de feijão. O creme de milho e frango ficou espetacular.

No sábado à noite iriamos a uma festa de aniversário em casa de amigos e precisava levar minha própria comida. A idéia de ir a uma festa era espetacular. Ninguém sabia da cirurgia. Eu não iria fazer segredo, mas também não iria divulgar.

Fui ao salão para uma escova e escolhi uma roupa bonita. A essa altura já havia perdido cinco kilos, pois havia desinchado. Minha alegria com o novo peso era enorme!

Levei uma garrafinha com água de coco e o creme de milho com frango em um potinho de 400 ml. Na festa pedi a Lueli, nossa amiga, para aquecer no micro ondas as pequenas porções que tomava de meia em meia hora, quando o relógio apitava. Ficamos até as onze da noite e foi muito agradável.

A essa altura já havia aprendido a medir a diurese com copinhos descartáveis de 200ml que carregava na bolsa. Tudo muito simples e discreto.

Algumas pessoas me perguntaram se eu estava de óculos novo ou se havia mudado o cabelo. Eram os cinco quilos perdidos que já estavam fazendo diferença...


Continua na parte 4 - Resultados da Cirurgia - Para ler clique aqui

http://cirurgia2.blogspot.com/2009/06/estes-posts-relatam-o-dia-dia-as.html




5 comentários:

  1. OI, achei ótimas as suas informações sobre todo o método e procedimento. Gostaria de saber se o plano de saúde cobre a cirurgia, ou caso não cubra, qual é o valor e custo aproximados da cirurgia, e, se ainda está sendo feita. E ainda, se Dr. Aureo Ludovico pode dividir o pagamento.

    Ricardo Sérvulo

    E-mail: rservuloadv@gmail.com

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  2. marineis almeida de moraes06 janeiro, 2010

    ola
    minha filha tem diabete tipo 1 e usa insulina duas vezes ao dia ela tem 15 anos tem cirugia p a diabete tipo 1 descobrimos q ela tem a 6 meses gostaria muito de saber mas sobre issso e um sonho ver minha filha parar de usar insulina. meu msn ruivinha_jipa@hotmail.com se alguem puder me responda por favor obg

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  3. Hoje ao visitar uma amiga sua no hospital você disse a mim no corredor "você é eu amanhã e eu fui você no passado",sou uma mulher de 20 poucos anos com "cara de menina",me informei com a paciente que você visitou e estou aqui no seu blog!eu sou você!é incrivel!suas discrições tudo igual a mim!estou aqui a espera da minha "alta" depois de vários suquinhos e chazinhos!meu email é lunna182@hotmail.com me adiciona!beijãoo querida!

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  4. NOSSA! AMEI SEU DEPOIMENTO, TENHO MUITA VONTADE DE FAZER ESSA CIRURGIA, POIS TENHO DIABETES E ESTOU COM SEQUELAS NOS OLHOS E NOS PÉS, FICO EM DESESPERO, SÓ QUE FINANCEIRAMENTE NÃO TENHO CONDIÇÕES, E ENQUANTO ISSO FICO NO COMPUTADOR OLHANDO ESSES LINDOS DEPOIMENTOS, QUEM SABE UM DIA EU FAÇO A CIRURGIA, TOMARA DEUS QUE NÃO SEJA TARDE DEMAIS...FICO FELIZ POR VC ESTÁ BEM. UM ABRAÇO

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  5. Desculpe más eu não vim para perguntar nada eu só vim pedir uma ajuda por favor se alguém puder me ajudar a pagar a cirurgia pra minha mãe eu agradeço de coração não quero ver a pessoa que eu mais amo em minha vida ir embora por eu não ter dinheiro o suficiente para pagar essa cirurgia agradeço a vcs por terem me dado sua atençao julio080880@gmail.com
    (71) 83320269

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