domingo, 16 de maio de 2010

Entrevista do Dr. Áureo

Republico abaixo uma entrevista do Dr. Áureo sobre a polêmica tão noticiada sobre a cirurgia de interposição de ileo para a cura da diabetes e da obesidade. Particularmente fico revoltada com todo o auê da mídia pois isso só faz afastar a esperança daqueles que como eu poderiam ter na cirurgia uma janela para uma vida nova com qualidade e bem-estar.

Espero que essa entreviste ajude a esclarecer um pouco esse bafafá todo.


A cirurgia que enfrenta o diabetes


O médico Áureo Ludovico, envolvido em uma das principais polêmicas médicas do País, enfrenta um processo surdo na mídia, espécie de inquisição moderna. Mais uma vez a imprensa realiza julgamentos antes mesmo que seja instaurado procedimento administrativo contra as práticas cirúrgicas do médico – apontadas como ilegais pelo Conselho Nacional de Saúde e Ministério Público Federal, outras duas instituições apressadas em fazer justiça e tomar para si uma atribuição que é exclusiva do Poder Judiciário.

Áureo adotou uma nova abordagem nas cirurgias para redução do estômago, tendo como enfoque a cura do diabetes. Sem nenhuma sentença em mãos, a não ser a versão dos advogados de uma paciente, jornalistas informam que o médico goiano realizou uma cirurgia proibida e inquinada em equívocos. Enquanto não se comprovou nada na Justiça, é preciso ouvir detalhadamente o outro lado, antes que a opinião pública condene um procedimento que pode ser útil para todos.

Após ponderar sua delicada situação, a de um profissional da medicina e ciência que não tem sido compreendido nem mesmo pela classe a que pertence, Áureo decidiu falar com a reportagem, desde que o jornal estivesse disposto a checar as informações que fornecesse – a maioria de entidades americanas que reúnem e divulgam pesquisas científicas.

Áureo realizou 408 procedimentos cirúrgicos para tratamento do diabetes e pediu ao jornal que buscasse em cada caso um dado, uma informação e comparasse com estatísticas e auditagens realizadas por instituições contratadas para esta tarefa.

O DM se propôs a ouvir o médico e buscar em cada documento oferecido a checagem que ele pede. Isso não significa isentarmos o médico de responsabilidades futuras que possam ser comprovadas no futuro pelo Conselho Federal de Medicina e Justiça, mas ofertar direito ao contraditório. Nas próximas linhas, ele revela detalhes da abordagem que já foi utilizada por dezenas de pessoas desconhecidas e populares – caso do apresentador Fausto Silva e publicitário Nizan Guanaes.

DM – Por que o tratamento do diabetes gera tanta polêmica?

Áureo Ludovico – O diabetes mellitus é uma doença milenar que tem avançado de forma surpreendente por todo o planeta. Uma nota publicada há poucos dias no site da Sociedade Brasileira do Diabetes (SBD) contém o seguinte: “Temos este ano 285 milhões de pessoas no mundo com diabetes. Em 2030, caso esta progressão continue, serão 435 milhões de pessoas. A maioria está localizada em países em desenvolvimento. A Índia, com 50 milhões, é o maior deles, seguida pela China, com 43,2 milhões. Os Estados Unidos têm 26,2 milhões. Os custos atuais no mundo são de U$S 400 bilhões.”

Então, é impossível não notarmos a importância que essa doença tem em nosso meio, tanto do ponto de vista social, humanitário, científico, quanto do ponto de vista financeiro. Vale lembrar que o diabetes é a maior causa de cegueira no adulto, que é o responsável por uma amputação de membros a cada segundo. É a principal causa de insuficiência renal e conseqüentemente de diálise, além de ser considerada como um dos maiores riscos de infarto do coração.

Um terço dos pacientes já tem doença coronariana instalada no advento do diagnóstico do Diabetes, sendo que 80% das mortes acontecem por doença isquêmica dos vasos sanguíneos. Mais de 70% dos diabéticos têm hipertensão arterial (pressão alta), quase dois terços são acometidos por neuropatia, causando diversas sequelas aparentes e não aparentes.

DM – Quando o senhor começou a realizar esta cirurgia?

Áureo Ludovico – Realizamos o procedimento duodenal switch para o tratamento de obesos há mais de 10 anos. Este procedimento propiciava índices de resolução do diabetes em torno de 95% até 100% dos casos. Diante desta óbvia constatação, realizamos a seguinte pergunta: por que não estendermos este procedimento para todas as pessoas e ajudá-las com o diabetes?

A primeira reflexão que surge é que o procedimento é voltado para o obeso. Porém, sem a adoção da má absorção, característica daquele procedimento, isso poderia se estender perfeitamente a pacientes diabéticos de peso normal e obesos grau 1 (índice de massa corporal menor que 35 kg/m2). Ficou configurado que o procedimento não seria, de forma alguma, uma experimentação, pois ele existe de longa data. Inclusive, com diversos estudos que ressaltam esta propriedade de tratar o diabetes. Tal constatação, eu tive na prática ainda em 2001. Mas desde a década de 80 já existe ampla experimentação em animais.

DM – O que este procedimento vai representar para o tratamento do diabetes?

Áureo Ludovico – Acho que vai representar uma alternativa eficaz para o tratamento. Gostaria de ressaltar a palavra ‘alternativa’, pois o indivíduo pode optar por não operar e manter o uso de remédios. Mas a cirurgia será uma realidade bastante comum daqui para frente, conforme ficou claro nas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica definidas no 1º Congresso Pan-americano da Cirurgia do Diabetes, realizado em São Paulo neste final de semana. O que mais quero hoje é a regulamentação perante os órgãos competentes para que toda essa confusão acabe e as pessoas tenham acesso a essa alternativa de tratamento do diabetes.
DM – Qual o perfil ideal de paciente para realizar esta cirurgia?

Áureo Ludovico – Infelizmente, cerca de 10% das pessoas que nos procuram não podem fazer a cirurgia, pois são portadoras da doença em estágio terminal, ou de diabetes tipo 1, ou algum outro problema médico significativo. A pessoa ideal para a cirurgia não deve ter doenças causadas pelo diabetes em estágio terminal. Evidentemente, essa afirmação comporta algumas exceções. Exemplo: o indivíduo perdeu a visão, mas ainda sim pode fazer a cirurgia. Podemos ter também alguém que já sofreu um infarto, mas ainda assim pode realizar o procedimento. Essas doenças não são impeditivas, mas limitantes da alternativa cirúrgica.

DM – Qual a eficácia do procedimento?

Áureo Ludovico – Gostaria de ressaltar que não estamos oferecendo nenhuma panaceia aos pacientes diabéticos do tipo 2. Esses são informados da eficácia do procedimento, dos riscos, da opção de continuar a tratar com medicamentos com seu médico endocrinologista, do fato de a cirurgia não ser regulamentada e esses assinam rotineiramente um termo de consentimento informado. Objetivamente foram realizadas 408 cirurgias. Mas vamos para a eficácia: ela ocorre entre 86% e 96%. Ou seja: a pessoa pode operar e ficar sem tomar medicação de diabetes.

Quanto à segurança, ficou comprovado que existem riscos de complicação em 6% dos casos – sendo a maior parte destas complicações de origem clínica. Ou seja: a própria condição de diabético leva a esse risco. O diabético tem 10 vezes mais chances de contrair uma pneumonia, por exemplo. Ficou comprovado também que a cirurgia resolve o problema do colesterol em 98% dos casos. Outro resultado: na hipertensão, as chances de ficar sem medicamentos é de 91% a 95% dos casos. Também controla os triglicérides, entre 88% e 93%.

Da mesma forma ocorre com os problemas de rins (microalbuminúria) numa taxa de 88%. Todos esses resultados foram encontrados e constam dos nossos cinco trabalhos científicos publicados em revistas internacionais e foram apresentados em diversas oportunidades no Brasil, Estados Unidos e Europa.

DM – Quantas pessoas querem fazer esta cirurgia?
Áureo Ludovico – Nós estamos falando de milhares de pessoas. Recebemos cerca de 200 e-mails por dia, de diversas partes do mundo, que procuram abordar esta cirurgia.

DM – O Conselho Regional de Medicina (Cremego) chamou o senhor para assinar um Termo de Ajuste de Conduta?

Áureo Ludovico – Não estava em Goiânia naquele dia. Participava exatamente do I Congresso Pan-americano de Cirurgia de Diabetes T2, em São Paulo. Mas acredito que não existe fundamentação médica para justificar essa atitude do conselho. Nosso advogado sugeriu o uso de uma liminar para que eles não cerceassem a atividade profissional que realizamos. Por isso continuamos a fazer a cirurgia, pois não existe nenhum impedimento legal.

DM – Existe o interesse de determinados grupos de médicos em controlar tais procedimentos?

Áureo Ludovico – Prefiro não acreditar nisso. Prefiro dizer que estamos absolutamente abertos ao contraditório. Não estou outorgando e afirmando que minha voz seja a mais certa e correta, não tenho direito exclusivo a ser o dono da razão.
DM – Tem exercido a ampla defesa característica destes procedimentos de acusação?

Áureo Ludovico – Tenho tido direito de defesa apenas parcial. Por exemplo: o Conselho Nacional de Saúde emitiu um parecer sem sequer consultar minha equipe – nem mesmo por telefone. Não sei qual a formação dos integrantes do conselho. A celeuma toda partiu deste conselho que considera a cirurgia, entre aspas, ilegal. Acionaram o Ministério Público e não procuraram saber as informações que temos aqui guardadas. Depois divulgaram tudo na imprensa.

DM – Existe algo de revolucionário em sua cirurgia?

Áureo Ludovico – Não vou usar esse termo. Vou reafirmar: é uma alternativa de tratamento para o diabetes tipo 2.

DM – Que conselhos de ética têm lidado com esta cirurgia?

Áureo Ludovico – Existe aprovação do Conselho de Ética da Universidade de São Paulo (USP). Temos também aprovação da Universidade de Nova York, a partir do Hospital Monte Sinai, em Milão (Itália), Mumbai e Hyderabad (Índia).

DM – Qual motivo de o Hospital Monte Sinai ainda não ter realizado tais procedimentos?

Áureo Ludovico – Já foi aprovada há mais de dois anos a realização desta cirurgia. E não fazem, pois seria eu a pessoa a realizar tal procedimento. Como não optei por morar nos Estados Unidos, ao menos por enquanto, existe apenas a aprovação.

DM – Uma das acusações do Cremego é de que seus procedimentos não são claros.

Áureo Ludovico – O hospital autorizou a realização do procedimento. Os pacientes assinaram termo de consentimento. Os dados foram auditados por empresa americana, independente, vinculada ao FDA. Esse trabalho foi registrado nos “Clinical Trials” dos EUA. Enviamos o material para a Sociedade Americana de Cirurgia Metabólica, que, após análise por um grupo de médicos, autorizou a divulgação em congresso americano. Posteriormente, esses dados foram submetidos à revista americana, indexada, vinculada a essa sociedade.

Novamente o trabalho foi submetido a um grupo de médicos revisores, que autorizaram a publicação. Essa publicação está acessível na internet. Vários outros trabalhos nessa mesma área também foram publicados. Existem cartas que comunicam o que aconteceu e elas foram registradas em cartórios. Nas entrevistas que realizam, estas pessoas deixam bem claro que ninguém sabe os resultados das cirurgias. Mas os resultados estão aqui nestes documentos, conforme você pode ver. Ninguém nos procurou. Das pessoas que acusam de ilegalidade, ninguém ouviu nossas versões e acompanhou nossos estudos.

Comentário
Rogerio C A Pereira disse:

Sou Engenheiro Civil, com 54 anos e fiz a cirurgia com Dr. Aureo Ludovico de Paula à 120 dias. Estou totalmente curado desta maldita “diabetes”, além de outros males que tem origem nesta maldita doença. Graças a esta cirurgia do Dr. Aureo Ludovico de Paula não gastando mais nenhum R$ para estes laboratórios de remédios que mais matam do que curam.

Acredito que seja muito leviana a atitude do Conselho Federal de Medicina (CFM), Ministério Publico Federal de Goiás, Conselho Nacional de Saúde e do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) de estar tentando proibir a cirurgia no Brasil.Na realidade está atuando nos bastidores é o fator financeiro.

Por causa de uma paciente indisciplinada (num grupo de mais de 500 que já realizou a cirurgia), toda a população com diabetes será privada de realizar seu sonho de ficar livre desta maldita.Antes de tomar qualquer atitude estes órgãos deveriam tomar o depoimento e ter acesso à evolução dos pacientes que já realizaram a cirurgia com este procedimento cirúrgico revolucionário do Dr. Aureo Ludovico de Paula.No meu caso, eliminei 33 quilos e continuo controlando 02 vezes por dia o nível da diabetes desde a cirurgia. Neste prazo de 120 dias a taxa mais baixa foi 76 e a mais alta 122 2 horas depois do almoço. Ficando claro que não estou consumindo nenhum remédio para Diabetes desde 15 dias antes da cirurgia(05/07/2009).

Torno a repetir o maior inimigo deste procedimento são os médicos que estão com inveja ou por ter medo de perder (R$) seus pacientes, bem como os laboratórios de remédios.
Rogerio C A Pereira